Overdoses de Amor na Cidade, no campo em qualquer lugar, onde duas almas se encontrem. Neste mundo em que muito se fala e pouco se pratica, mais um "desalinhado" do sistema abre um local onde se possa falar do que mais faz falta neste mundo: O Amor.
segunda-feira, maio 17, 2004
O teorema dos mortos-vivos e outras vivencias...
Com facilidade esquecemos a Nossa adolescencia até ao momento em que somos confrontados com uma alma jovem que deseja (inconscientemente) ser adulta e (conscientemente) continuar a ser criança.
Quando era catequista, me desesperava com os manuais (que so tinham apenas uns 15 anos de idade) e os considerava altamente desactualizados, não só para o meu pensamento da época, como para com os miudos em que eu tinha a responsabilidade (como catequista), de ensinar que o mundo não eram apenas bonecas e carrinhos, mas que existia uma lei do Amor e um Deus que nos Ama.
É complicado explicar estas coisas a quem não acredita claro, pois se eu não acredito porque me querem impingir, e depois isto e aquilo bla bla bla bla bla, ok, guardem lá as farpazinhas de dores que por ai teem que não estão a ser chamadas para a conversa sff.
Voltando ao tema da conversa, desesperavam-me esses manuais porque existia uma realidade nova e mal compreendida: a adolescencia.
Passo a explicar: quem concebe hoje em dia que um miudo de 13 anos seja mandado do Minho para Lisboa, sozinho, ter com pessoas que nunca viu na vida e que assim comece a trabalhar e seja responsavel com o que ganha e ainda por cima saiba se cuidar sozinho???
Pois o meu falecido Pai foi assim, a minha mãe desde novinha também trabalhou... e para os miudos de hoje não foram os pais, mas sim os avós e os seus bisavós.
Tempos diferentes, mentalidades diferentes.
Só existiam crianças, jovens e adultos.
Nasceu uma realidade a que todos aflige e ninguem quer perceber ou falar: a adolescencia.
Ela já existia, mas o seu GAP temporal era muito curso. Com 13 anos já se era um Homem. Hoje muitos nem com 30...
Culpa da sociedade e da evolução? Muito se poderia dizer. Mas a realidade é que o GAP temporal de criança-adulto aumentou e continua a aumentar...
O que isto provoca?
Provoca que muitas vezes como pais ou amigos não consigamos transmitir aos nossos filhos ou adolescentes a realidade e a responsabilidade das coisas.
E eles sofrem pois.
Sofrem porque estão numa idade em que descobrem novos valores: as paixões, os namoros, o sexo e de repente para muitos se veem com uma criança nos braços e sem saber lá muito bem o que fazer: "adultos à força"...
Outros "adultos" que eu conheço que não quizeram ainda abandonar o seu sonho de infancia e a adolescencia e que se agarram como se fosse a ultima tábua de salvação no turbilhão deste mundo...
Mas nem tudo são espinhos. Também existem rosas bem perfumadas que me enternecem e cativam a alma.
Ninguem pode dizer que somos totalmente adultos. Nem eu proprio.
A juventude da alma muitas vezes é substituida pela amargura e pelo fel (por isso temos a sociedade amarga que temos).
Noutras almas a criancice e o pieguismo não as abandonou e recusam-se a crescer, nunca seram jovens.
Ser jovem não obriga a não ser adulto: isso é mais uma idiotice da sociedade.
Ser jovem de espirito é ser adulto.
Ser velho de espirito é ser um morto-vivo.
Palavras duras eu sei, mas as digo porque existe solução para os mortos-vivos: é que se quizerem podem ser jovens! Assim também aproveitam e trocam as voltas aos destinos pré-destinados de nascer, crescer e morrer.
É nisto que reside a nossa responsabilidade de "adultos": ajudar quem é mais jovem a sair da criancisse e se tornar jovem, MAS não um morto-vivo.
Custame ver quando um jovem se desilude da vida e recorre ao "suicidio" fisico ou mental.
Temos de ser pacientes, pois ninguém gosta de ser ensinado, PRINCIPALMENTE um adolescente ou um adulto.
Mas sermos também mortos-vivos?...
É dificil explicar o que ninguém nos ensinou e que tivemos de aprender "à lá brutte force"
Ainda estou a crescer e tenho medo.
Medo de tornar alguem um morto-vivo, ou eu ser um morto-vivo...
Mas.. tenho esperança.
Esperança quando vejo o sorriso de um amigo que consegui a ajudar e a satisfação de alguém que me ajuda a ultrapassar um "defeito" e a ser mais alguém.
Eu sei que nada sou. Apenas sou mais uma gota no oceano.
Mas também só todas essas gotas do oceano juntas é que podem formar esse mar grande e poderoso que é a nossa existencia.
Basta sabermos se é o vento que nos domina ou nós que dominamos os vento que nos açoita.